O ano de 2020 poderia ser um ano perdido em algum lapso temporal. Tenho certeza de que não vai fazer falta para 90% do planeta, e poderia ser descartado daquelas folhinhas de calendário, que antigamente pendurávamos na parede (se não entendeu, dá um Google nisso e vai compreender).
Um ano marcado pela maior pandemia do último século que pegou de surpresa boa parte do planeta. Mas havia os que achavam que seria uma gripezinha, que o tio Sam resolveria o problema num passe heroico de mágica, como nos filmes de Hollywood. Pois é, desta vez, nem os Vingadores foram suficientes para livrar a maior potência (por enquanto) da derrota para o vírus minúsculo, praticamente invisível que colocou nações de primeiro e de último mundo no mesmo patamar: o do medo.
Nós aqui no terceiro mundo ainda tínhamos uma vantagem. Assistimos a tudo como num videoteipe (dá outro Google aí), afinal, o vírus chegou aqui bem depois de passar pelo mundo mais desenvolvido. E o que fizemos? Conseguimos cometer os mesmos erros que eles, com a diferença que somos um país pobre, em desenvolvimento. Negamos o vírus, minimizamos sua ação, transformamos um caso de saúde pública em guerra ideológica. Conseguimos transformar em guerra ideológica até mesmo a busca pela tão sonhada vacina. Aliás, uma guerra que só atrapalha.
Há um bom tempo, o Brasil enfrenta uma crise da vacina. Imunizantes importantes para manter longe da população doenças como sarampo e paralisia infantil são ignorados por brasileiros que engrossam cada vez mais as fileiras dos que desprezam qualquer vacina. E que amam uma teoria da conspiração. Enquanto isso, o surto de sarampo já é realidade em muitos locais. Não vou entrar aqui na discussão se a vacina para o coronavírus é ou não segura. Afinal, a gente tem uma agência responsável por isso, a Anvisa. Se ela disser que a vacina é segura, eu vou tomar.
A questão é que num mundo cada vez mais dividido e polarizado, não estamos conseguindo enxergar uma luz no fim do túnel. A luz foi apagada pela falta de confiança na ciência. Foi apagada pelas vozes da idade média. Eu não sei você, mas acho que o problema não é bem a luz, mas o trem, vindo em sua direção. Voltemos para a estação do bom senso. É pedir demais para 2020?